“A natureza é a maior agricultora, a gente aprende tudo com ela”, afirmou o agricultor agroflorestal Paulo Sebastião da Silva, mais conhecido como Paciência, que há mais de 20 anos decidiu fazer a transição da monocultura para a agroecologia. No seu sítio, uma parcela de cinco hectares no assentamento Serrinha, município de Ribeirão, na Mata Sul, ele possui mais de 15 mil espécies – entre plantas adubadoras, nativas, frutíferas, medicinais, e muitas outras.
Este foi o local escolhido pelo projeto Direitos e Desafios para Alimentação Saudável, do Centro Nordestino de Medicina Popular (CNMP), para sua atividade de intercâmbio com os grupos acompanhados nas comunidades de Frexeiras e Palmeiras, da zona rural de Chã Grande. Mais de 20 pessoas – entre mulheres, homens, jovens e idosos – participaram da atividade, que começou com um café da manhã de boas-vindas.
Logo em seguida, o grupo saiu em caminhada pela propriedade, fazendo diversas paradas nos sistemas para demonstrações, reflexões, troca de conhecimentos e palavras de incentivo as/aos agricultoras/es. No primeiro momento, Paciência falou da situação como encontrou a terra e do desafio para transformar a pequena propriedade em uma agrofloresta.
Durante às quatro horas de visita de campo, ele fez várias demonstrações sobre adubação, compostagem, capina seletiva, podas, viveiro de mudas, plantios, entre outras coisas. Também falou da importância de manter esse conjunto de ações, para o equilíbrio ambiental. O viveiro de mudas da propriedade foi um dos destaques da visita, quando os agricultores puderam tirar dúvidas e também adquirir mudas de várias espécies.
De acordo com o técnico em agropecuária que presta assistência aos agricultores do projeto, Jackson Reis, a atividade de intercâmbio é uma das etapas do projeto, que no início deste ano fez o plantio de mais de três mil mudas do bioma da Mata Atlântica nas duas comunidades da zona rural de Chã Grande, visando reflorestar as nascentes dessas áreas. As mudas foram adquiridas do viveiro de Paulo Paciência.
Os agricultores que participaram do intercâmbio avaliaram a experiência como muito positiva para o seu crescimento nesse processo de transição e/ou consolidação das práticas agroecológicas em suas propriedades. Maria José da Silva disse que o que mais chamou sua atenção foi a preservação das nascentes. Já Arlete Prudente disse que pôde sentir, apesar da alta temperatura, que o clima estava bem ameno na mata.
A educadora do projeto, Solô Paiva, destacou a oportunidade que os agricultores tiveram em trocar experiências e adquirir novos aprendizados e agradeceu a dedicação e boa vontade de Paciência para receber o intercâmbio e colaborar com os seus conhecimentos. O encontro encerrou com um almoço de confraternização dos dois grupos acompanhados pelo CNMP.