O primeiro Seminário de Avaliação e Conclusão do Projeto Mulheres Doulas: Articulando Vidas, realizado em Ouricuri, envolveu mais de 50 representantes de seis municípios do Sertão de Pernambuco. O público capacitado pelo projeto do CNMP era formado por profissionais e gestores de saúde, mulheres doulas do campo e da cidade, representantes do projeto Mãe Coruja, do Governo do Estado, parceiros como a ONG Caatinga, além de toda equipe do projeto.
O Projeto, que conta como o apoio na União Europeia, é realizado em seis municípios do Sertão de Pernambuco e dois da Região Metropolitana do Rio Grande do Norte, além da capital, Natal.
As ações, que iniciaram em 2015, capacitaram dezenas de mulheres e profissionais de saúde em formação de doula e sobre direitos sexuais e reprodutivos. Para a coordenadora do projeto, Solô Paiva, a iniciativa representa, além das mudanças na atenção básica relacionadas à saúde da mulher, uma conquista para as mulheres, que passaram a tomar consciência de que são sujeito de direitos e a cobrar mais respeito e cuidado para com a sua saúde.
Durante o Seminário, os participantes realizaram várias dinâmicas de avaliação dos impactos do projeto nos últimos dos três. Para o enfermeiro João Vicente, do município de Lagoa Grande, a transformação mais relevante provocada pelo projeto foi na mudança de paradigmas entre os profissionais. “Muitas vezes ficávamos diante de uma gestante e não conseguíamos enxergá-la como um ser humano que precisava de cuidados e atenção em um momento tão especial”, destacou.
Os profissionais de saúde ressaltaram também os benefícios do projeto no que diz respeito à evolução profissional. “A necessidade da prática do acolhimento humanizado fazer parte da nossa realidade foi muito enriquecedor”, salientou João Vicente. Outro impacto positivo relatado pelos profissionais de saúde foi a participação dos pais na fase do pré-natal, sobretudo dos homens mais jovens, que aderiram mais facilmente ao convite.
Durante as apresentações, os grupos de profissionais de saúde e de mulheres doulas ainda salientaram a importância das gestantes tomarem conhecimento dos seus direitos. “Além de sofrerem violência obstétrica, muitas mulheres não tinham acompanhante durante o parto porque não sabiam que era um direito seu e da criança, garantido por lei. Isso acontece com mais frequência entre as mulheres da zona rural”, afirmou Marinalva Silva de Lima, doula do município de Trindade.
Com relação à formação sobre direitos sexuais e reprodutivos, as mulheres destacaram a melhoria da autoestima a partir do conhecimento do seu corpo. “Essa formação nos proporcionou luz. Hoje somos mais protagonistas nos espaços que ocupamos”, frisou Simone Delmontes, da cidade de Trindade.
O segundo Seminário de Avaliação e Conclusão do projeto Mulheres Doulas: Articulando Vidas, acontece a partir do dia 5 de novembro, em Natal, Rio Grande do Norte.